ABIN monta rede para monitorar internet
Agentes foram deslocados de funções da Copa; capitais se preparam para novos atos
Alana Rizzo e Tânia Monteiro
Sem detectar as manifestações combinadas pelas redes sociais e que hoje terão como alvo o Palácio do Planalto, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN)
montou às pressas uma operação para monitorar a internet. O governo
destacou oficiais de inteligência para acompanhar, por meio do Facebook,
Twitter, Instagram e WhatsApp, a movimentação dos manifestantes. A
agência avalia que as tradicionais pastas do governo que tratavam de
articulação com a sociedade civil perderam a interlocução com as
lideranças sociais.
A decisão foi tomada após uma crise entre assessores civis da presidente Dilma Rousseff e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que não teriam alertado o Planalto das manifestações da semana passada em São Paulo, que desencadearam em uma onda de protestos no Brasil. Nos últimos dois meses, os agentes da ABIN e de outros órgãos de inteligência foram deslocados para a segurança da Copa das Confederações, negligenciando outras áreas.
A decisão foi tomada após uma crise entre assessores civis da presidente Dilma Rousseff e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que não teriam alertado o Planalto das manifestações da semana passada em São Paulo, que desencadearam em uma onda de protestos no Brasil. Nos últimos dois meses, os agentes da ABIN e de outros órgãos de inteligência foram deslocados para a segurança da Copa das Confederações, negligenciando outras áreas.
Com a eclosão da crise, o potencial das
manifestações passou a ser medido e analisado diariamente pelo Mosaico,
sistema online de acompanhamento de cerca de 700 temas definidos pelo
ministro-chefe do GSI, general José Elito. Nos relatórios, os oficiais
da agência tentam antecipar o roteiro e o tamanho dos protestos,
infiltrações de grupos políticos e até supostos financiamento dos
eventos.
O GSI colocou grades duplas em torno do
Palácio para reforçar a segurança para o protesto marcado para hoje. Em
dias de manifestações, as instalações presidenciais são protegidas na
parte interna pelos seguranças do GSI e pela Polícia do Exército e na
parte externa pela Polícia Militar do Distrito Federal.
O secretário nacional de Articulação
Social da Secretaria-Geral da Presidência da República, Paulo Maldos,
disse que a redução de tarifas em diversas cidades, principalmente São
Paulo e Rio, "não vão interromper o processo". Para Maldos, o fato
"atende apenas" à reivindicação dos 20 centavos, mas há muitas outras
apresentadas e que precisam ser atendidas.
Voz. No Planalto, segundo interlocutores
de Dilma, a ideia é que, diante das demandas apresentadas, algumas
tinham de começar a ser atendidas para que os manifestantes entendessem
que sua voz, de fato, começa a ser ouvida. A redução da tarifas seria a
primeira e isso ajudaria a arrefecer os ânimos, mas não a parar os
protestos.
Esses mesmos auxiliares reconhecem que,
como há muitos pleitos a serem atendidos, é preciso ampliar os canais de
comunicação. Para esses interlocutores, o erro que levou o protesto a
tomar grande proporção foi não ter havido negociação no início das
manifestações.
Maldos afirmou "este grito" tem a ver com
a inclusão social dos últimos dez anos, em referência ao período em que
o País é governado pelo PT. "São setores que foram incluídos
socialmente e estão cobrando mais coisas. Entraram no sistema, receberam
um serviço e estão reclamando porque acham que ele não está bom. Eles
têm todo o direito de achar que não está bom", comentou o secretário.
Na tentativa de reiterar a contribuição
do governo, o Planalto distribuiu na quarta-feira uma nota em que lista
as sete medidas já adotadas, entre elas desoneração da folha de
pagamentos.